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China acelera concessão de empréstimos internacionais para fortalecer yuan contra o dólar

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A China intensifica sua estratégia para transformar o yuan em uma moeda global, aproveitando um momento de instabilidade da política comercial e fiscal dos Estados Unidos que abalou a confiança no dólar. O governo chinês vê uma oportunidade histórica para reduzir sua dependência do sistema financeiro americano e proteger sua economia de sanções e da volatilidade do dólar.

Enquanto a moeda americana registrou seu pior início de ano desde 1973, com uma queda de 7% em termos ponderados pelo comércio, o yuan, rigidamente controlado por Pequim, atingiu seu nível mais alto desde a reeleição de Donald Trump. O movimento atrai um fluxo crescente de investidores estrangeiros e governos em busca de alternativas, impulsionando a segunda grande tentativa chinesa de internacionalizar sua moeda.

Diferente do esforço iniciado em 2009, que terminou com uma fuga de capitais em 2015 e a imposição de controles mais rígidos, a abordagem atual é mais cautelosa. As autoridades chinesas estão determinadas a manter maior controle sobre os fluxos de capital, ao mesmo tempo que criam uma infraestrutura financeira paralela ao sistema do dólar.

Apesar de a China representar quase 20% da economia mundial, o yuan ainda tem uma participação modesta nas finanças globais: é usado em apenas 4% dos pagamentos internacionais, contra 50% do dólar, e compõe somente 2% das reservas dos bancos centrais, enquanto o dólar detém 58%. O principal obstáculo, segundo economistas, são os rígidos controles de capital.

Mesmo assim, o avanço recente é notável. A participação da moeda chinesa nos pagamentos globais dobrou desde 2022. Internamente, o progresso é ainda mais significativo: mais de 30% do comércio de bens e serviços da China já é liquidado em yuan, eram 14% em 2019, e mais da metade de todos os recebimentos transfronteiriços do país, incluindo fluxos financeiros, é feita na moeda local.

CIPS

Para sustentar essa expansão, a China desenvolveu uma infraestrutura financeira robusta e independente. O Cips, um sistema de pagamentos interbancários semelhante ao Swift ocidental, já conta com a adesão de mais de 1.700 bancos no mundo, um aumento de um terço desde o início da guerra na Ucrânia. O volume de transações no Cips subiu 43% em 2024, atingindo o equivalente a 24 trilhões de dólares.

Além disso, o governo chinês estabeleceu linhas de swap de 4,5 trilhões de yuan (US$ 630 bilhões) com 32 bancos centrais, criando uma rede de segurança financeira comparável em escala ao FMI. A China também tem incentivado o uso de sua moeda digital, o yuan digital, através de plataformas como a mBridge, que permite transações internacionais sem passar pelo sistema do dólar e já é vista por autoridades americanas como geopoliticamente relevante.

A estratégia chinesa também inclui incentivar parceiros comerciais a aceitarem o yuan. Após as sanções à Rússia em 2022, bancos chineses passaram a realizar quase todos os seus novos empréstimos internacionais em yuan. Países como Hungria, Rússia, Brasil e Paquistão já emitiram ou avaliam emitir títulos na moeda chinesa, conhecidos como "Tesouro panda".

Para as autoridades chinesas, o objetivo não é necessariamente substituir o dólar, mas criar um sistema financeiro global "multipolar", no qual o yuan seja um competidor relevante, mesmo que mantenha suas "características chinesas", como o forte controle estatal.

Foto: CCTV


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💸 Bancos públicos da China aumentaram empréstimos internacionais em yuans para aumentar o uso da moeda chinesa; 🔎 Yuan - líderes chineses enxergam oportunidade histórica com guerra comercial dos Estados Unidos. A China está oferecendo empréstimos gigantescos, mas com uma condição, que tudo seja feito em Yuan. O uso da moeda chinesa no comércio internacional já dobrou desde 2022. Ainda é pouco, 4%, mas o volume de transações subiu 43% em 2024 e deve bater recorde neste ano. 🌍 O Boletim 24Horas é o veículo de jornalismo para você entender tudo da economia e política internacional. Desde 2017, o Boletim 24Horas leva informação de qualidade com uma abordagem abrangente sobre todos os continentes.

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