O ministro da Fazenda dos Estados Unidos, Scott Bessent, descreveu a ajuda como uma "ponte até a eleição", referindo-se à votação de 26 de outubro na qual Milei busca ampliar sua base no Congresso. O socorro financeiro chega em um momento de forte pressão no presidente argentino, duas semanas após seu partido sofrer uma derrota de lavada em uma eleição em Buenos Aires, o que foi visto como um mau presságio desencadeando uma fuga de capitais do país.
Investidores temem que Milei esteja perdendo o apoio popular necessário para sustentar sua agenda de reformas pró-mercado, domar a inflação e estabilizar uma moeda enfraquecida por crises recorrentes. "Não acho que o mercado tenha perdido a confiança nele", disse Bessent em entrevista à Fox News. "Acho que o mercado está olhando para décadas, quase um século, de péssima gestão argentina."
O anúncio do pacote provocou um alívio imediato nos mercados. Os títulos da dívida argentina dispararam, e o índice de ações S&P Merval subiu 1,5%. Em resposta, o Banco Central da Argentina aproveitou o momento para cortar sua taxa de juros em 10 pontos percentuais, para 25%. Para analistas, a disposição do Tesouro estadunidense em comprar dívida soberana aumenta a chance de o país conseguir emitir novos títulos no mercado já no início de 2026.
A intervenção representa uma virada notável na política externa de Donald Trump, eleito com a promessa de limitar intervenções financeiras e militares no exterior. Desde que assumiu, Trump cortou bilhões em ajuda externa, mas no caso argentino, o apoio a um líder que o elogia publicamente é visto como necessário para um aliado ideológico. A medida também ocorre em meio a tensões de Trump com outros líderes da região, como o presidente brasileiro Lula.
Apesar do otimismo do governo, o socorro gerou críticas nos Estados Unidos. Economistas e políticos alertam para o histórico da Argentina, que já deu três calotes na dívida soberana desde 2001 e descumpriu repetidamente acordos com o Fundo Monetário Internacional (FMI). "O mundo aprendeu que é muito mais fácil emprestar dinheiro para a Argentina do que recebê-lo de volta", afirmou Brad Setser, ex-funcionário do Tesouro estadunidense. A senadora democrata Elizabeth Warren criticou o que descreveu como um resgate a "um aliado político e seus investidores globais antes de uma eleição".
Foto: Casa Rosada/Gobierno de Argentina
