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Em meio à disputa com os EUA, China inaugura primeiro centro de dados submerso

Grupo NCN+

A China inaugurou o primeiro centro de dados (data center) subaquático comercial do mundo na província insular de Hainan na terça-feira (7). O empreendimento já está operacional como parte de uma estratégia ambiciosa para expandir a chamada "economia azul" e atrair investimento estrangeiro para a maior zona de livre comércio piloto do país. O projeto utiliza a água do mar para resfriar os servidores, o que reduz drasticamente o consumo de energia e os custos operacionais.

A primeira fase da iniciativa, concluída este ano no condado de Lingshui, consiste na instalação de uma cabine de dados de 1.300 toneladas a 35 metros de profundidade. Dentro dela, estão contêiners com capacidade para abrigar até 500 servidores que gerenciam desde serviços digitais de viagem até recomendações de restaurantes.

"Colocamos toda a cabine de dados no fundo do mar porque a água do mar pode ajudar a resfriar a temperatura", explicou Pu Ding, gerente de projetos da Shenzhen HiCloud Data Centre Technology. "Em comparação com data centers em terra, os data centers submarinos podem reduzir o consumo de energia necessário para o resfriamento, ajudando a diminuir os custos operacionais."




O projeto completo, previsto no plano quinquenal de Hainan, prevê a construção de um complexo com 100 cabines de dados subaquáticas. A iniciativa é central para um polo industrial integrado, focado no desenvolvimento de novas tecnologias para a chamada ‘economia azul’. Isso consiste em investir em projetos econômicos marinhos. A estratégia foca em adaptar a economia para o contexto de mudanças climáticas. Com o aumento do nível do mar e da temperatura do planeta, empreendimentos marítimos são uma alternativa cada vez mais atrativa. Um dos riscos, porém, é a destruição do ambiente aquático com esses projetos. Os fitoplânctons marinhos, por exemplo, produzem quase 80% do oxigênio atmosférico utilizado na respiração humana.

A inauguração ocorre em um momento de intensa competição tecnológica com os Estados Unidos. Em 2024, a China lançou um programa piloto permitindo que empresas estrangeiras tenham 100% de propriedade de data centers e serviços de telecomunicações em Hainan e em outros três grandes centros: Pequim, Xangai e Shenzhen.

"Essa atualização da política é uma resposta à crescente demanda global por serviços de data center, impulsionada pelos avanços em IA generativa e computação em nuvem", afirmou Giulia Interesse, editora da consultoria Dezan Shira and Associates. "Ao abrir suas fronteiras para a propriedade totalmente estrangeira, a China visa atrair gigantes multinacionais de tecnologia ansiosas para explorar seu potencial de mercado."




Em contraste, a Microsoft, gigante de tecnologia estadunidense, iniciou um projeto semelhante chamado "Project Natick" em 2014. No entanto, a empresa confirmou em 2024 que o projeto não está mais ativo, após um teste de dois anos com um data center submerso na costa da Escócia, que abrigava 855 servidores.




Fotos: Shanghai Hailanyun Technology
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