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Republicanos são derrotados em várias eleições locais

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O democrata socialista Zohran Mamdani, de 34 anos, foi eleito prefeito de Nova Iorque nesta terça-feira (4). A vitória do deputado estadual coroa uma ascensão política vertiginosa do líder mais progressista da cidade em gerações. Em uma vitória significativa para a ala à esquerda do Partido Democrata, Mamdani derrotou o ex-governador Andrew Cuomo, que concorreu como independente, e o republicano Curtis Sliwa. O prefeito eleito agora enfrenta o desafio de cumprir promessas de campanha ambiciosas na maior cidade estadunidense.

Com a vitória, Mamdani faz história por alguns ineditismos. Ele será o primeiro prefeito muçulmano da cidade, o primeiro de ascendência asiática e o primeiro imigrante a governá-la por ter nascido em Uganda. Ao tomar posse em 1º de janeiro, ele também se tornará o prefeito mais jovem de Nova Iorque em mais de um século.


“A sabedoria convencional diria que estou longe de ser o candidato perfeito. Eu sou jovem [...]. Eu sou muçulmano. Eu sou um socialista democrático. E o mais condenável de tudo, eu me recuso a pedir desculpas por qualquer uma dessas coisas”, declarou Mamdani a uma multidão entusiasmada em sua festa de vitória.

Ele classificou sua vitória como um triunfo dos trabalhadores que lutam para sobreviver. “Nova Iorque, esta noite vocês me deram um mandato para a mudança”, disse ele, prometendo “acordar todas as manhãs com um único propósito: tornar esta cidade melhor para vocês do que era no dia anterior”.

Mais de dois milhões de nova-iorquinos votaram na disputa, a maior participação em uma eleição para prefeito em mais de 50 anos, segundo o Conselho Eleitoral da cidade.

Com 98% dos votos apurados, Mamdani recebeu 50,4% dos votos. Cuomo, concorrendo como independente após ser derrotado por Mamdani na primária, obteve 41,6%. O republicano Curtis Sliwa, que teve dificuldade em ganhar fôlego na cidade majoritariamente democrata, ficou com 7,1%.

A improvável ascensão de Mamdani dá força aos democratas que defendem que o partido abrace candidatos mais à esquerda, em vez de se unir em torno de centristas na esperança de reconquistar eleitores indecisos.

O prefeito eleito já enfrenta forte escrutínio de republicanos nacionais, incluindo o presidente Donald Trump. Eles o rotularam avidamente como uma ameaça e o rosto de um Partido Democrata radicalizado e desalinhado com o eleitorado médio. Trump ameaçou repetidamente cortar financiamento federal para a cidade e até mesmo decretar intervenção na maior metrópole do país caso Mamdani vencesse.

Cuomo, Sliwa e outros críticos também atacaram Mamdani por suas críticas veementes às ações militares de Israel em Gaza. O prefeito eleito, um defensor de longa data dos direitos do povo palestino, acusou Israel de cometer genocídio e disse que cumpriria um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional contra o premiê israelense, Benjamin Netanyahu. Na reta final da campanha, Cuomo alegou que a eleição de Mamdani faria os judeus se sentirem inseguros.

Em seu discurso de reconhecimento da derrota, Cuomo desafiou ao chamar a campanha vencedora de "um sinal de alerta de que estamos indo por um caminho perigoso" e notou que "quase metade dos nova-iorquinos não votou para apoiar uma agenda de governo que faz promessas que sabemos que não podem ser cumpridas". Ainda assim, ele corrigiu seus apoiadores quando começaram a vaiar ao ouvir o nome de Mamdani. “Não, isso não está certo”, disse ele, oferecendo ajuda ao novo prefeito. “A noite foi deles.”




A campanha popular de Mamdani, focada no custo de vida e no seu carisma frustraram a tentativa de retorno político de Cuomo. O ex-governador, que renunciou há quatro anos após alegações de assédio sexual, as quais ele continua negando, foi assombrado por seu passado durante toda a disputa e criticado por uma campanha negativa.

Mamdani também terá que lidar com Trump, que não apenas ameaçou retaliação, mas sugeriu que poderia tentar prender e deportar o prefeito eleito. Mamdani nasceu no continente africano, onde passou a primeira infância, mas foi criado em Nova Iorque e tornou-se cidadão estadunidense em 2018.

Em seu discurso, Mamdani dirigiu-se diretamente a Trump.

"Nova Iorque continuará sendo uma cidade de imigrantes, construída por imigrantes, movida por imigrantes e, a partir desta noite, liderada por um imigrante", disse ele. "Se alguém pode mostrar a uma nação traída por Donald Trump como derrotá-lo, é a cidade que o criou."

Trump reagiu na sua rede social postando "...E ASSIM COMEÇA!". Horas antes, o presidente estadunidense já havia chamado de "estúpidos" os judeus que apoiavam o democrata.

Mamdani, criticado durante a campanha por seu currículo considerado modesto, terá agora que montar sua equipe de transição antes da posse. Ele precisará definir como planeja implementar a agenda de "acessibilidade do custo de vida" que o levou à vitória.

Suas promessas incluem creche universal gratuita, serviço de ônibus municipal grátis, supermercados públicos administrados pela cidade e um novo Departamento de Segurança Comunitária, que enviaria profissionais de saúde mental para algumas chamadas de emergência ao invés de policiais. Não está claro como Mamdani pagará pela implementação dessas políticas, dada a oposição contundente da governadora democrata Kathy Hochul aos seus apelos por aumento de impostos sobre os mais ricos.


DERROCADA REPUBLICANA

A vitória de Mamdani foi uma das quatro votações principais desta terça-feira, nas primeiras eleições importantes desde que Trump reconquistou a presidência.

Na Virgínia e em Nova Jersey, as democratas centristas Abigail Spanberger e Mikie Sherrill venceram os pleitos para governadoras com ampla vantagem sobre as rivais republicanas.

Um sinal claro para os democratas de apoio ao enfrentamento direto com Trump veio da Califórnia, na qual os eleitores aprovaram um plano para redesenhar o mapa congressional do estado a favor do partido, expandindo a batalha nacional pelo redistritamento que moldará a disputa pela Câmara dos Deputados no próximo ano.

Trump se recusou a assumir a culpa pelos resultados de terça-feira. Em uma postagem no Truth Social, ele citou "pesquisadores de opinião" anônimos, sugerindo que as derrotas republicanas se deveram à paralisação do governo e ao fato de seu próprio nome não estar nas cédulas.


Imagem: Reuters
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